domingo, 30 de agosto de 2009

A Agroecologia não é uma forma de agricultura

A agroecologia é o estudo de ecossistemas em relação à produção de alimentos. Mas leva a uma mudança de paradigma profunda. Enquanto a agricultura impõe uma função artificial na paisagem, a agroecologia estuda como podemos nos integrar com o ecossistema já existente, ou criar ecossistemas análogos. É a mudança do homem dominador da paisagem para o homem participante na teia de vida complexa que ocupa um espaço.

Em vez de estudar em livros, passamos a nos tornar íntimos de um lugar, conhecendo as nuances de cada momento, percebendo quando algo mudou: uma planta nunca mais vista, um novo canto de passarinho jamais ouvido. É se alegrar com a evolução de um sistema que fica cada vez mais rico em espécies e fertilidade. Mas ao mesmo tempo é aprender a fazer a leitura prática do local: os produtos para a nossa alimentação, os elementos produtivos que podemos inserir como parte do sistema já existente. O resultado final é também a nossa alimentação, como na agricultura, mas o caminho é totalmente diferente.

As valores da agroecologia são outras. Na agricultura visa-se a produção. Na prática da agroecologia focaliza-se a saúde do sistema, confiando que este, uma vez harmonizado, levará à fartura. É aceitar o fato que JAMAIS vamos entender realmente as complexidades da Vida. Mas podemos dançar juntos, participando nos fluxos e refluxos do ano solar, numa atitude de profunda reverência.

É confiar que a Mãe Natureza- ou Deus- oferece tudo que precisamos para viver, em cada lugar do planeta. Só cabe a nós entender a dinâmica em potencial de cada lugar.

De fato é sair do mundo tecnocrata e artificial para um mundo simples e real, concreto. Assim, embora que a agroecologia é uma forma de estudar, de observar, se transforma também num estilo de vida, levando ao tão-sonhado Jardim de Éden onde o homem e a Natureza se integram como um corpo só.

fonte: http://www.marsha.com.br/artigos_5.php

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Medida Provisória 458 - Regularização de Terras na Amazônia

Entenda a MP 458, que regulariza a posse de terras na Amazônia Legal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta quinta-feira, a Medida Provisória 458, que prevê a regularização de terras na Amazônia Legal.

A expectativa do governo é de que, com a regulamentação das posses, os órgãos de fiscalização tenham maior facilidade para identificar e punir eventuais crimes ambientais na região.

Dois dos pontos mais polêmicos do texto, que haviam sido incluídos pelos deputados, foram vetados pelo presidente Lula.

Entenda o que está por trás da MP 458.

O que é a Medida Provisória 458?

A Medida Provisória 458 trata da regularização de terras na Amazônia Legal, abrindo a possibilidade de que os posseiros formalizem juridicamente seu direito a essas propriedades.

As propriedades de terra com até um quilômetro quadrado (100 hectares), que representam 55% do total dos lotes, serão doadas aos posseiros. Aqueles que possuírem até 4 quilômetros quadrados (400 hectares) terão de pagar um valor simbólico, e os proprietários com até 15 quilômetros quadrados (1,5 mil hectares) pagam preço de mercado pelas terras.

Os posseiros interessados em adquirir as terras precisam ainda atender a algumas condições, entre elas, ter na propriedade sua principal fonte econômica e ter obtido sua posse de forma pacífica até dezembro de 2004.

Após a transferência, o proprietário terá ainda de cumprir certas obrigações, como por exemplo, recuperar áreas que tenham sido degradadas. Pelo Código Ambiental, pelo menos 80% de cada propriedade na Amazônia deve ser preservada.

Qual o objetivo do governo com a MP?

O principal argumento em torno da Medida Provisória 458 é de que a regularização fundiária tornará mais fácil o trabalho de fiscalização e punição a eventuais desmatadores.

O governo diz que as ações de concessão de terras na Amazônia Legal estão interrompidas desde os anos 1980, “o que intensifica um ambiente de instabilidade jurídica, propiciando a grilagem, o acirramento de conflitos agrários e o avanço do desmatamento”.

O argumento é de que, ao transferir definitivamente essas propriedades aos posseiros, os órgãos de fiscalização poderão identificar e responsabilizar essas pessoas, caso seja constatado algum crime ao meio ambiente.

De acordo com as estimativas do governo, há 67 milhões de hectares de terras da União sob tutela de pessoas que não têm a documentação desses imóveis. Essa área representa 13,4% da Amazônia Legal e corresponde a pouco mais do que os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro juntos.

Estima-se ainda que 300 mil famílias, em 172 municípios, possam ser beneficiadas com a Medida Provisória.

Quais são os pontos polêmicos da Medida?

Alguns pontos do texto original da MP 458 já vinham sendo alvo de críticas dos ambientalistas. No entanto, foram as mudanças inseridas pelos deputados, durante a tramitação do tema na Câmara, que levantaram maiores polêmicas.

Um dos pontos incluídos previa a transferência da posse não apenas a pessoas físicas, mas também a empresas.

Além disso, a Câmara havia ampliado o direito de posse a pessoas que não vivem na propriedade. Ou seja, pessoas que têm a posse, mas que exploram a terra por meio de prepostos (terceirizados ou empregados).

Os dois artigos, no entanto, foram vetados pelo presidente Lula. Em sua justificativa, o presidente disse que “não há dados que permitam aferir a quantidade e os limites das áreas ocupadas que se enquadram nessa situação”.

Um outro ponto polêmico, também incluído pelos parlamentares, foi mantido pelo presidente: os imóveis acima de 400 hectares poderão ser vendidos depois de três anos. Pelo texto original, esse prazo era de 10 anos.

A medida terá algum impacto ambiental?
Foto de arquivo mostra área devastada da Amazônia no Pará (AP)

MP prevê a regularização de terras na Amazônia Legal

A MP 458 trata da regularização fundiária, mas um dos principais objetivos do governo com as novas regras é permitir maior controle sobre essas propriedades e, em consequência, sobre o desmatamento.

O governo espera que, com a regularização da posse, os órgãos responsáveis possam melhor identificar eventuais crimes ambientais. Dentre outras obrigações, os proprietários terão de cumprir a legislação ambiental, preservando 80% de suas terras.

No entanto, o pesquisador Paulo Barreto, da ONG Imazon, diz que a regularização fundiária – da forma como proposta pelo governo – pode ter um efeito contrário.

Barreto diz que a transferência das terras a preço abaixo do valor de mercado ou até de graça, como no caso das terras de até 100 hectares, significa um “estímulo” para novas invasões e a devastação no futuro.

“A medida pode até resolver um problema prático, de curto prazo, mas cria estímulos que são negativos. Fica a mensagem de que a invasão de terras e o desmatamento sempre serão anistiados”, diz.

Segundo ele, essa não é a primeira vez que o governo faz concessão de terras. “Ou seja, é um procedimento que vem se repetindo e que acaba estimulando as derrubadas e a impunidade”, diz

Lula decide adiar anúncio de decisão sobre vetos à MP que regulariza terras na Amazônia (19/06/2009)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai deixar para o dia 25 de junho o anúncio sobre os vetos ou não à Medida Provisória 458, que regulariza terras da União ocupadas na Amazônia. Essa é a data limite para que Lula decida sobre a sanção PP, integral ou com vetos. A informação é do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.

Segundo o ministro, Lula ouviu os argumentos e as recomendações de todos os ministros e dos líderes do governo no Congresso Nacional que participaram da reunião para discutir o assunto, realizada na quinta-feira (18) no Palácio da Alvorada.

“O presidente vai construir sua posição até o dia 25, de vetar ou não vetar. A manifestação do presidente é de que não há nenhuma justificativa para qualificar a medida como uma MP da grilagem. Ela é a MP do fim da grilagem e a gente vai mostrar isso na prática”, disse Cassel, após o encontro.

Antes da reunião, Cassel sinalizou que o governo poderá vetar os dispositivos que tratam da transferência de terras da União para as pessoas jurídicas e para quem não vive na Região Amazônica. Depois do encontro, ele evitou falar em decisões. “O presidente não se posicionou (vetar ou não)”, afirmou.

A Medida Provisória 458 permite à União doar, sem licitação, áreas de até 1,5 mil hectares já ocupadas. No último dia 3 de junho, a MP foi aprovada pelo Senado, depois de sofrer alterações na Câmara dos Deputados, onde foi aprovada em maio. (Fonte: Carolina Pimentel/ Agência Brasil)


Lula veta transferência de terras da Amazônia para pessoas jurídicas (25/06/2009)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou nesta quinta-feira (25) um artigo inteiro e parte de outro da medida provisória 458, sobre regularização de terras na Amazônia Legal. Foi excluído do texto que vai para publicação no Diário Oficial a transferência de terras da União para pessoas jurídicas. O artigo 7º foi vetado, assim como uma parte do 8º.

O texto foi enviado ao Congresso, e voltou ao Executivo com modificações. "O governo tinha mandado o projeto ao Congresso. Posso me dar ao direito de vetar tudo que não era do projeto original. Mas se tiver coisa importante, que foi introduzida pelo Congresso, posso manter", disse Lula, nesta quinta, durante evento com cortadores de cana em Brasília.

Ao vetar o artigo sétimo, Lula barrou o item que ampliava para todo o território nacional a regularização de terras "a pessoa que exerça exploração indireta da área ou que seja proprietária de imóvel rural". Também foi abolido o item que versava sobre a regularização de terras por pessoa jurídica.

Ambos os itens foram incluídos pela Câmara no texto original da MP 458, que ficou conhecida como a "MP da Grilagem." Em resumo, os dois pontos do artigo sétimo autorizavam a transferência de áreas para empresas e pessoas que não vivem na terra, mas que exploram essas áreas via terceiros (prepostos).

A decisão foi adotada pelo presidente depois de quase três horas de reunião com o advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli. Para justificar o veto, o parecer técnico fornecido pela Presidência alega que "a proposta recebeu emendas que ampliaram o objeto original da matéria."

Ainda segundo o documento, não seria possível prever o impacto da regularização de propriedades nos moldes propostos pelo artigo que foi vetado.

Lula tinha até esta quinta-feira para sancionar o texto aprovado pelo Congresso. A medida é uma resposta aos apelos dos ruralistas, mas faz concessões aos ambientalistas a partir do veto ao artigo sétimo. Parte do artigo oitavo foi excluido do texto porque fazia referência ao artigo sétimo.

O Congresso ainda deve analisar se acata ou derruba o veto apresentado pelo presidente, o que não tem data marcada para ocorrer.

Medida - A Medida Provisória 458 enviada à Câmara tinha como proposta regularizar a ocupação da Amazônia. Ela permite que o governo doe ou venda, sem licitação, áreas de até 15 km² – o equivalente a cerca de dez vezes o parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Entre os principais pontos de controvérsia da MP estão a possibilidade da extensão dos benefícios a empresas e o prazo para venda das áreas regularizadas.

A MP prevê que donos de até 400 hectares permaneçam na terra por pelo menos dez anos para ter o direito de vendê-las. Para os proprietários de áreas entre 400 e 1.500 hectares, o prazo é de três anos.

Votação - A votação da MP acirrou os ânimos entre entre ruralistas e ambientalistas. Liderados pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), os senadores ligados ao agronegócio defendiam a nova regra como forma de resolver o problema das terras na Amazônia de forma definitiva.

Para os ambientalistas, porém, a MP beneficiaria quem roubou terras públicas. No auge da crise entre ambientalistas e ruralistas, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, chegou a chamar os grandes produtores rurais de “vigaristas”. (Fonte: Robson Bonin/ G1)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Guias para ação - Princípios que visam assegurar que as ações desencadeadas por todos sejam coerentes com a essência da Carta da Terra

Introdução

A Carta da Terra Internacional (CTI) encoraja todas as pessoas a contribuírem para os objetivos da Iniciativa da Carta da Terra. Sua participação ativa e seu apoio são necessários. Neste sentido, a CTI está em processo de ampliação da Iniciativa a nível mundial, promovendo atividades descentralizadas e o empoderamento de indivíduos, comunidades e organizações.

A CTI continuará a promover a Carta da Terra através de vários processos internacionais formais e um número limitado de projetos. No entanto, esta nova estratégia é necessária porque a Secretaria da Carta da Terra Internacional só é capaz de organizar e dirigir uma pequena parte do vasto leque de ações necessárias para implementar a visão da Carta da Terra.

As “orientações para ação” apresentadas a seguir são um recurso projetado para ajudar as pessoas a realizarem atividades que estejam em harmonia com os valores e princípios da Carta da Terra.

O propósito deste “Guia para Ação” é também garantir uma coerência na forma como ações descentralizadas, em nome da Carta da Terra, são realizadas. Pense nas Diretrizes como uma espécie de mecanismo de coordenação virtual para a Iniciativa Carta da Terra que se prepara para uma rápida expansão descentralizada envolvendo ações de milhões de pessoas no mundo inteiro.

Descentralização no movimento da Carta da Terra é, portanto, algo essencial. Na medida em que o movimento pressupõe a participação de milhões (ou bilhões) de pessoas do mundo todo, fica evidente que é impossível “gerenciá-lo” de forma tradicional, mecânica, hierárquica, centralizada. Daí a proposta de um processo quase totalmente descentralizado, que contará com a iniciativa, a boa vontade, o discernimento, o bom senso, a criatividade, a inteligência de cada indivíduo.

Pensando na importância da ação de cada uma dessas pessoas, o Conselho Internacional da Carta da Terra definiu um conjunto de 12 “orientações para ação”.

Respeitados esses 12 princípios, cada indivíduo pode criar livremente o que quiser no seu dia-a-dia, na direção da visão da Carta da Terra. É o espírito da Carta da Terra, seus princípios e os “guias de ação” que darão coerência a tudo que for descentralizado e livremente criado em todas as partes do mundo.

As diretrizes de ação são dirigidas em primeiro lugar para indivíduos. A implementação plena dos vários princípios da Carta da Terra vai requerer ações da parte de governos, corporações e outras organizações. Entretanto, cada um desses coletivos depende de indivíduos – seus líderes, membros, colaboradores. A própria evolução e transformação desses coletivos será efetivada por indivíduos.

As diretrizes de ação explicitadas não são fixas nem estão em sua forma final. O Conselho Internacional irá revisá-las periodicamente à luz do que for emergindo e dos desafios típicos de cada setor/região do planeta. O Conselho agradece qualquer comentário ou sugestão que você possa fazer em relação a elas.

1- Comece com a Carta da Terra
Deixe que a Carta da Terra seja seu guia básico quando estiver planejando e agindo para tornar realidade a visão da Carta da Terra.

2- Seja um exemplo vivo
Empenhe-se em viver plenamente – na prática – o espírito da Carta da Terra na sua vida diária. Na sua casa, no trabalho, na sua comunidade.

3- Assuma o poder que possui
Aja com firmeza, acredite que você pode fazer diferença e que suas atividades irão catalisar os esforços de muitos outros.

4- Coopere, coopere
Multiplique a forma de gerar mudanças construindo parcerias, colaborando com outros e buscando soluções ganha-ganha.

5- Potencialize o poder de outros
Compartilhe poder e seja inclusivo. Ajude outros a fortalecer a capacidade de resolver problemas, tomar decisões e liderar, liberando assim a criatividade de todos.

6- Promova o respeito e o entendimento
Empenhe-se em construir relacionamentos de confiança e respeito mútuo entre indivíduos e grupos de diversas culturas e comunidades, e resolva diferenças através de diálogos de forma que produzam aprendizado e crescimento de todos.

7- Facilite a auto-organização
Facilite a disseminação de iniciativas inspiradas pela Carta da Terra sem tentar controlá-las, contando com a capacidade dos grupos humanos de se auto-organizar e alcançar resultados positivos na medida em que o propósito maior esteja claro.

8- Foque as causas de raiz
Focalize o pensamento e a ação nas causas de raiz dos principais problemas e desafios que a humanidade enfrenta, e não permita que pressões e práticas dos sistemas não-sustentáveis existentes o impeçam de agir.

9- Seja comprometido e, no entanto, flexível
Seja firme no seu comprometimento com os princípios e assegure que tudo que faz seja consistente com os valores da Carta da Terra. E seja sempre flexível à medida que as circunstâncias mudem (sem, porém, abrir mão do que é essencial).

10- Aja com engenhosidade
Não permita que seus pensamentos e ações sejam limitados pela dependência do dinheiro; use sua imaginação e seja estratégico, criativo, engenhoso para fazer as coisas acontecerem, não obstante os obstáculos existentes.

11- Use a tecnologia com sabedoria
Lembre-se que um grande número de pessoas não tem acesso a tecnologias avançadas. Ao usar tecnologias, assegure que elas sejam apropriadas.

12- Proteja a integridade da Carta
Seja sempre fiel ao espírito do texto original da Carta e só a conecte a organizações, produtos e eventos que sejam consistentes com os seus valores e a visão que ela transmite.

fonte: http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/action_guide.html

Morte dos peixes

A morte de peixes está se tornando cada vez mais grave.

Empresas envolvidas em desastre ambiental no rio Paraiba do Sul terão de indenizar pescadores

Mortandade de peixes na fronteira Brasil-Bolivia

Mortandade de peixes no rio de janeiro pode se repetir nos próximos dois anos.

Aquecimento global deixará sem peixes áreas
oceânicas


Pesca de arrastão diminui número de peixes nos EUA

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Crescimento qualitativo

Por Fritjof Capra e Hazel Henderson* - 10/06/2009

A atual recessão global tem dominado os noticiários desde o começo do ano. Todos os dias ouvimos falar sobre pessoas comprando menos carros, fábricas que produziam utilitários esportivos e veículos de passeio sendo fechadas, o consumo de óleo (e, com isso, também o preço do óleo) diminuindo dramaticamente, varejistas reclamando sobre consumidores gastando menos dinheiro em artigos de luxo e assim por diante. Do ponto de vista ecológico, todas essas notícias são boas já que o contínuo crescimento do consumo de tais materiais, num planeta finito, só pode levar à catástrofe. Porém, isso também nos apresenta um contraditório “paradoxo da economia”. Por exemplo, o pacote de estímulo de $787 bilhões do presidente [dos Estados Unidos] Barack Obama foi concebido para aumentar os níveis de consumo, tanto no setor público como no privado, enquanto as crescentes poupanças também apresentam déficits.

Ao mesmo tempo, ouvimos, dia após dia, sobre as empresas que responderam à diminuição das vendas com redução de pessoal e não com a redução de seus lucros ou assumindo suas perdas. Assim, cada diminuição do consumo exagerado de materiais, o que é bom ecologicamente, resulta em sofrimento humano com o crescente aumento do desemprego. Ao mesmo tempo, mais de 2 bilhões de pessoas que não consomem em excesso sofrem ainda mais com o crescimento da economia convencional, livre comércio e com a globalização.

Parece que nosso maior desafio é descobrir como mudar de um sistema econômico baseado na noção de crescimento ilimitado para um que seja ecologicamente sustentável e socialmente justo. “Não crescer” não é a resposta. O crescimento é uma característica central de toda a vida; uma sociedade ou economia que não cresce, mais cedo ou mais tarde, morrerá. O crescimento na natureza, porém, não é linear e ilimitado. Enquanto certas partes de organismos ou ecossistemas crescem, outros declinam, liberando e reciclando seus componentes que serão as fontes para um novo crescimento.

Nesse artigo, queremos definir e descrever esse tipo de crescimento equilibrado, de múltiplas faces, bem conhecido dos biólogos e ecologistas e aplicar esses princípios à economia e, em particular, à atual crise econômica. Propomos o uso do termo “crescimento qualitativo” para esse propósito, em contraste com o conceito de crescimento quantitativo usado pelos economistas.

A prática dos economistas de equacionar o crescimento com “progresso” social tem sido bastante criticada por ambientalistas, ecologistas e por grupos de direitos civis que se dedicam à justiça social. Foi, pela primeira vez, grandemente contestada durante a segunda Cúpula da Terra, organizada pelas Nações Unidas, no Rio de Janeiro, em 1992. Mais de 170 governantes concordaram em corrigir a visão quantitativa de crescimento dos economistas. Esses desafios foram ignorados até muito recentemente, já que incluíam exigências difíceis de serem cumpridas por empresas e órgãos governamentais, como a inclusão dessas demandas em suas folhas de balanço e custos ambientais, que eles rotineiramente “externalizavam” para os contribuintes, meio ambiente e futuras gerações. A preocupação com as mudanças climáticas globais e com a poluição hoje se concentra na “internalização” desses custos, também contabilmente, como contas nacionais.

Produto Interno Bruto (PIB)

A maioria dos economistas ainda avalia a riqueza de um país por seu PIB, onde todas as atividades econômicas associadas com valores monetários são adicionadas indiscriminadamente enquanto os aspectos não monetários da economia são ignorados. Os custos sociais, como os relacionados com acidentes, guerras, litígios e saúde pública, são adicionados como contribuições positivas ao PIB e o crescimento não diferenciado desse índice quantitativo bruto é considerado como sinal de uma economia “saudável”. A idéia que o crescimento pode ser um obstáculo, não saudável ou até patológico é raramente considerada pelos economistas, embora eles estejam sendo criticados por décadas a fio.

A meta da maioria das economias nacionais é a de atingir o crescimento ilimitado de seu PIB através do acúmulo contínuo de mercadorias e da expansão de seus serviços. A expansão excessiva dos serviços financeiros, em particular, é um parasita para a economia real e acabou a levando para o atual colapso. Já que as necessidades humanas são finitas, mas a ganância não o é, o crescimento econômico pode, geralmente, ser mantido através da criação artificial de necessidades, com o uso da propaganda. As mercadorias que são produzidas e vendidas dessa maneira são, freqüentemente, desnecessárias e, portanto, essencialmente um desperdício. Ainda, a poluição e a sangria de recursos naturais, geradas por esse enorme desperdício em bens desnecessários são exacerbadas pelo desperdício de energia e matérias primas em processos de produção ineficientes.

O reconhecimento desse erro no conceito convencional de crescimento econômico, que nos foi apontado lá em 1971 é o primeiro passo essencial para a superação da crise econômica atual.1 A ativista de mudanças sociais Frances Moore Lappé adiciona, “Já que o que chamamos de ‘crescimento’ é em grande parte um desperdício, vamos nomeá-lo assim! Vamos chamar de economia do desperdício e destruição. Vamos definir como crescimento aquilo que aprimora a vida - como geração e regeneração - e declarar que é disso que o nosso planeta mais precisa.”2 Essa noção de “crescimento que aprimora a vida” é o que queremos dizer com crescimento qualitativo - um crescimento que aprimora a qualidade de vida. Em organismos vivos, ecossistemas e sociedades, o crescimento qualitativo consiste em um aumento da complexidade, sofisticação e maturidade.

Para obter um total entendimento dos conceitos de crescimento quantitativo e qualitativo será útil fazer uma breve revisão dos papéis exercidos por quantidades e qualidades ao longo da história da ciência ocidental.

Quantidades e Qualidades na Ciência Ocidental

No despertar da ciência moderna, na Renascença, Leonardo da Vinci declarou que o pintor, “com filosófica e sutil especulação, considera todas as qualidades das formas.”3 Ele insiste que a “arte,” ou habilidade de pintar, deve estar apoiada na “ciência” do pintor ou no seu profundo conhecimento, das formas vivas e por seu entendimento intelectual da natureza intrínseca dessas formas e dos princípios subjacentes.

A ciência de Leonardo, como a de Galileu, cem anos mais tarde, baseava-se na observação sistemática da natureza, raciocínio e matemática - a abordagem empírica conhecida hoje como método científico - mas seu conteúdo era bastante diferente da ciência mecanicista desenvolvida por Galileu, Descartes e Newton. Era uma ciência das formas orgânicas, de qualidades, padrões de organização e processos de transformação.4

No século XVII, Galileu postulou que, para ser efetivo na descrição matemática da natureza, os cientistas deveriam se restringir ao estudo das propriedades dos corpos materiais - formas, números e movimento - que poderiam ser mensuradas e quantificadas. Outras propriedades, como cor, som, gosto ou cheiro eram meramente projeções mentais subjetivas que deveriam ser excluídas do domínio da ciência.

A estratégia de Galileu, de direcionar a atenção dos cientistas para as propriedades quantificáveis da matéria, provou-se extremamente bem sucedida na física clássica, mas também provou-se um tributo pesado. Durante séculos, muito além de Galileu, o foco nas quantidades se estendeu do estudo da matéria para todos os fenômenos naturais e sociais, dentro da estrutura de visão mundial mecanicista da ciência cartesiana-newtoniana. Pela exclusão das cores, som, gosto, toque e cheiro - sem mencionar qualidades mais complexas como a beleza, saúde ou sensibilidade ética - a ênfase na quantificação fez com que os cientistas, por muitos séculos, não fossem capazes de entender muitas das propriedades essenciais da vida. No século XX, a estreita abordagem mecanicista e quantitativa resultou em uma grande confusão entre setores da biologia, psicologia e ciências sociais.5

Nas últimas três décadas, porém, presenciamos uma atenção renovada à qualidade. Durante essas décadas, um novo conceito sistêmico de vida emergiu para o front da ciência, que, na verdade, mostra grandes similaridades com as idéias de Leonardo, 500 anos atrás. Hoje, o universo não é mais visto como uma máquina composta por blocos de construção elementares. Nós descobrimos que o mundo material, em suma, é uma rede de padrões de relacionamentos inseparáveis; que o planeta é uma coisa só, um sistema vivo, auto-regulatório. A visão do corpo humano como uma máquina e da mente como uma entidade separada está sendo substituída por uma que não vê apenas o cérebro, mas também o sistema imunológico, os tecidos do corpo e mesmo cada célula como um sistema cognitivo vivo. A evolução não é mais vista como uma luta competitiva pela existência, mas como uma dança cooperativa onde a criatividade e o constante surgimento de inovações são forças motrizes. E com a nova ênfase em complexidade, redes e padrões de organização, uma nova ciência de qualidades está, lentamente, emergindo.6

A Natureza da Qualidade

O novo entendimento sistêmico da vida faz com que seja possível formular um conceito científico de qualidade. Na verdade, parecem existir dois significados diferentes do termo - um objetivo e outro subjetivo. No sentido objetivo, as qualidades de um sistema complexo referem-se às propriedades do sistema, que nenhuma de suas partes exibe. Quantidades, como massa e energia, falam sobre as propriedades das partes e a soma de todas elas é igual à propriedade correspondente do todo, e.g., a massa ou energia total. As qualidades, como o stress ou a saúde, por contraste, não podem ser expressas como a soma das propriedades das partes. As qualidades surgem de processos e padrões de relacionamentos entre as partes. Conseqüentemente, não podemos entender a natureza de sistemas complexos tais como organismos, ecossistemas, sociedades e economias se tentarmos descrevê-los puramente com termos quantitativos. As quantidades podem ser mensuradas; as qualidades precisam ser mapeadas.

Com a mudança do foco, de quantidades para qualidades, nas ciências da vida, também ocorreu uma mudança conceitual na matemática. De fato, isso começa na física, nos anos 60, com uma forte concentração na simetria, que é uma qualidade e foi se intensificando nas décadas subseqüentes, com o desenvolvimento da teoria da complexidade ou dinâmica não linear, que é uma matemática de padrões e relacionamentos. Os estranhos atratores da teoria do caos e os fractais da geometria fractal são padrões visuais que representam as qualidades de sistemas complexos.7

Na esfera humana, a noção de qualidade sempre parece incluir referências às experiências humanas, que são aspectos subjetivos. Por exemplo, a qualidade da saúde de uma pessoa pode ser avaliada em termos de fatores objetivos, mas inclui uma experiência subjetiva de bem-estar, como um elemento significativo. Similarmente, a qualidade de uma relação humana deriva grandemente de experiências mútuas subjetivas. A qualidade estética de uma obra de arte, como diz o ditado, está no olho de quem vê. Já que todas as qualidades surgem de processos e padrões de relacionamentos, incluirão necessariamente elementos subjetivos se esses processos e relacionamentos envolverem seres humanos.

Portanto, muitos dos novos indicadores do progresso de um país usam abordagens multidisciplinares e sistêmicas com métrica apropriada para a mensuração de muitos aspectos de qualidade de vida. Por exemplo, os Indicadores de Qualidade de Vida Calvert-Henderson avaliam doze desses aspectos e usam coeficientes monetários apenas onde apropriados, enquanto rejeitam a ferramenta macroeconômica convencional de agregar todos esses aspectos qualitativamente diferentes sob um único número, como o PIB.8

Crescimento e Desenvolvimento

As considerações anteriores sobre qualidades e quantidades podem ser aplicadas ao conceito de crescimento qualitativo e ao fenômeno de desenvolvimento, que está relacionado com crescimento. Note que “crescimento” e “desenvolvimento” são usados hoje com dois sentidos bastante diferentes - um qualitativo e outro quantitativo.

Para os biólogos, o desenvolvimento é uma propriedade fundamental da vida. De acordo com o novo entendimento sistêmico de vida, cada sistema vivo ocasionalmente encontra pontos de instabilidade onde ocorre uma ruptura ou, mais freqüentemente, uma emergência espontânea de novas formas de ordem. Essa emergência espontânea de inovação é um dos indicadores de qualidade da vida. Já foi reconhecido como a origem dinâmica do desenvolvimento, aprendizado e evolução. Em outras palavras, a criatividade - a geração de novas formas - é uma propriedade chave para todos os sistemas vivos. Isso significa que todos os sistemas vivos se desenvolvem; a vida continuamente tenta criar novidades.

O conceito biológico de desenvolvimento implica um sentido de desdobramento multifacetado; de organismos vivos, ecossistemas ou comunidades de seres humanos alcançando seus potenciais. Os economistas, em contraste, restringem o uso de “desenvolvimento” a uma única dimensão econômica, geralmente mensurada em termos de PIB per capita. A enorme diversidade da existência humana é comprimida nesse conceito quantitativo linear e, então, convertida em coeficientes monetários. O mundo inteiro, assim, é arbitrariamente categorizado como países “desenvolvidos,” “em desenvolvimento” e “menos desenvolvidos”. Os economistas reconhecem apenas o dinheiro e fluxos de caixa, ignorando qualquer outra forma de riqueza fundamental - todos os ativos ecológicos, sociais e culturais.

Parece que essa visão linear de desenvolvimento econômico, como usado pela maioria dos economistas e políticos, corresponde ao estreito conceito quantitativo de crescimento econômico, enquanto o senso de desenvolvimento biológico e ecológico corresponde à noção de crescimento qualitativo. Na verdade, o conceito biológico de desenvolvimento inclui tanto o crescimento quantitativo quanto o crescimento qualitativo.

Um organismo em desenvolvimento, ou ecossistema, cresce de acordo com seu estágio de desenvolvimento. Tipicamente, um organismo novo atravessará períodos de rápido crescimento físico. Em ecossistemas, a fase mais inicial de crescimento rápido é conhecida como um ecossistema pioneiro, caracterizado pela rápida expansão e colonização do território. O crescimento rápido é sempre seguido por um crescimento mais lento, pela maturação e, finalmente, pelo declínio ou decadência ou, em ecossistemas, pela, assim conhecida, sucessão. Na medida em que sistemas vivos amadurecem, seus processos de crescimento mudam de quantitativo para qualitativo.

Quando estudamos a natureza, podemos ver claramente que o crescimento quantitativo ilimitado, como promovido tão vigorosamente pelos economistas e políticos, é insustentável. Um bom exemplo é o rápido crescimento de células cancerosas, que não reconhecem fronteiras e não é sustentável já que as células cancerosas morrem quando o organismo hospedeiro morre. Similarmente, o crescimento econômico quantitativo ilimitado, em um planeta finito como o nosso, não pode ser sustentável.9 O crescimento econômico qualitativo, em contraste, pode ser sustentável se envolver a dinâmica de equilíbrio entre o crescimento, o declínio e a reciclagem, e se também incluir desenvolvimento em termos de aprendizado e amadurecimento.9a

A distinção entre crescimento econômico quantitativo e qualitativo também trás a tona o amplamente usado, mas problemático, conceito de “desenvolvimento sustentável.” Se “desenvolvimento” for usado no estreito senso econômico de hoje, associado com a noção de crescimento quantitativo ilimitado, tal desenvolvimento econômico nunca poderá ser sustentável e o termo “desenvolvimento sustentável” seria um oximoro. Se, porém, o processo de desenvolvimento for entendido como mais do que um processo puramente econômico, incluindo dimensões sociais, ecológicas e espirituais, e se for associado com crescimento econômico qualitativo, então, tal processo sistêmico multidimensional poderá ser, certamente, sustentável. Muitas pessoas no mundo dos negócios, governo e na sociedade civil usam hoje em dia o termo “sustentabilidade” para examinar essas questões, junto com centenas de novos programas acadêmicos e empresas de consultoria. Muito trabalho ainda precisa ser feito para definir “sustentabilidade” em todos esses contextos.

Crescimento Econômico Qualitativo e a Crise Global

Vamos voltar ao desafio que é o centro de nossa crise econômica global: como podemos transformar a economia global, partindo de um sistema que luta por crescimento quantitativo ilimitado, que é manifestamente insustentável, para um crescimento que seja ecologicamente condizente com a geração de trabalho, sem agravar ainda mais o desemprego?

O conceito de crescimento econômico qualitativo será uma ferramenta crucial para essa tarefa. Ao invés de avaliar o estado da economia em termos de PIB quantitativo bruto, precisamos distinguir entre o “bom” crescimento e o “mau” crescimento e, então, aumentar o primeiro, em detrimento do segundo, de maneira que recursos naturais e humanos não sejam comprometidos com processos de produção inúteis e inconsistentes e que possam ser libertados e reciclados como recursos para processos eficientes e sustentáveis. Um passo a frente nessa direção foi a conferência “Além do PIB”, no Parlamento Europeu, em novembro de 2007, que teve como ponta de lança a Comissão Européia junto com a World Wildlife Fund for Nature, a OECD, a EUROSTAT (Agência de Estatísticas da Europa) e o Club of Rome.10

Do ponto de vista ecológico, a distinção entre crescimento econômico “bom” e “mau” é óbvia. O mau crescimento de processos de produção e serviços são aqueles baseados em combustíveis fósseis, que envolvem substâncias tóxicas, esgotam os recursos naturais e degradam os ecossistemas da Terra. O bom crescimento é o crescimento de processos de produção e serviços mais eficientes, que envolvam energias renováveis, emissão zero de poluentes, reciclagem contínua de recursos naturais e restauração dos ecossistemas da Terra. As mudanças climáticas e outras manifestações de nossa crise ambiental global tornam imperativo fazer essa mudança, deixar de lado processos de produção destrutivos e partir para alternativas sustentáveis “verdes” ou “ecodesign”; e também é verdade que essas mesmas alternativas resolverão nossa crise econômica de uma maneira socialmente justa. Nós vemos políticas sistêmicas correspondentes na Iniciativa de uma Economia Verde, das Nações Unidas, lançada em dezembro de 2008, em Genebra, pelo Programa de Meio Ambiente da ONU, pela Organização Internacional do Trabalho e pelo Programa de Desenvolvimento da ONU, que foi devidamente assistido por um de nós.11 Outras iniciativas similares são o Green New Deal, na Grã Bretanha e o Global Marshall Plan para uma economia verde socialmente justa, na Alemanha.12

Em anos recentes, presenciamos um aumento dramático de práticas e projetos com design ecologicamente orientado, todos muito bem documentados.13 Eles incluem um renascimento mundial da agricultura orgânica; a organização de diferentes indústrias em blocos ecológicos, onde os resíduos de uma organização podem se transformar em recursos para outra; a mudança de uma economia produto-orientada para uma economia “servir-e-fluir”, onde as matérias primas e componentes técnicos giram continuamente entre fabricantes e usuários; edifícios concebidos para produzir mais energia do que usam, para não emitir resíduos e para monitorar seu próprio desempenho; carros híbridos que atingem a eficiência de combustível de 50 mpg ou mais; e um dramático aumento da eletricidade gerada pelos ventos, além das mais otimistas projeções. Na verdade, com o desenvolvimento de híbridos abastecidos em tomadas e fazendas de ventos, os carros do futuro poderão funcionar primariamente com energia eólica.

Essas tecnologias e projetos de ecodesign todos incorporam princípios básicos de ecologia e, portanto, oferecem algumas características chave em comum. Eles tendem a ser projetos de pequena escala, com muita diversidade, energia eficientes, não poluentes e voltados para a comunidade. E mais importante ainda, tendem a intensificar as possibilidades de trabalho, criando muitos empregos. Realmente, o potencial de criação de empregos, através de investimentos em tecnologias verdes, restauração de ecossistemas e re-concepção de nossa infra-instrutora é enorme - um fato que foi claramente reconhecido pelo presidente Obama que já começou, junto com o Congresso dos Estados Unidos, a transformar essas idéias em realidade, no American Recovery and Reinvestment Act de 2009.

Um mapa detalhado para a transição do crescimento quantitativo para o crescimento qualitativo e, assim, encontrar soluções para a crise global que são ecologicamente sustentáveis e socialmente justas, fica muito além do escopo desse artigo. Mas alguns passos que parecem ser muito importantes podem ser listados:

* Os modelos de crescimento qualitativo precisam ser formulados por equipes multidisciplinares, comparados e promovidos junto ao mundo dos negócios, governos e a mídia. Também, é preciso adotar novos conjuntos de indicadores sociais/ambientais mais amplos. Isso exigirá vontade política, pressão da opinião pública e educação da mídia - através de editores e jornalistas.

* Os sistemas de impostos precisam ser reestruturados pela redução dos encargos sobre o trabalho e o aumento dos impostos em várias atividades consideradas como ambientalmente destrutivas, de maneira a “internalizar” e incorporar todos esses custos nos preços oferecidos no mercado. Esses “impostos verdes” estão sendo adotados em muitos países. Eles devem incluir um imposto sobre a geração de carbono e imposto sobre a gasolina, que podem ser gradualmente introduzidos e contrabalanceados com reduções no imposto de renda e impostos na folha de pagamento. A substituição dos impostos, de imposto de renda e na folha de pagamento para taxação do desperdício, poluição e geração de carbono e uso de recursos não renováveis empurrará, gradualmente, tecnologias e padrões de consumo prejudiciais e perdulários para fora do mercado. Isso aumentará o valor de participação das empresas na produção de alternativas verdes.

* Além dessa substituição de impostos, as empresas precisam reavaliar seus processos de produção e seus serviços, para determinar quais são ecologicamente destrutivos e, assim, precisam ser gradualmente eliminados. Ao mesmo tempo, devem diversificar, em direção aos produtos e serviços verdes. Como novos protocolos contábeis sendo adotados, considerando integralmente fatores sociais, ambientais e fatores relacionados com governança (ESG), as empresas estão sendo direcionadas para esses produtos, serviços e práticas sustentáveis, por seus investidores - incluindo fundos mútuos de responsabilidade social, fundos de pensão, sindicatos, grupos civis e investidores individuais.14

* A reforma dos sistemas financeiros e monetários internacionais é agora premente. A Cúpula do G-20, em Londres, no dia 2 de abril de 2009, incluiu debates sobre como conter a alavancagem excessiva, regular os riscos assumidos e controlar pagamentos e bônus feitos; e como regular a especulação em mercados monetários ($3 trilhões movimentados diariamente) e derivativos de crédito ($683 trilhões agora negociados,15 comparados com o PIB global de apenas $65 trilhões). Essas novas regras precisam ser globais, através de contratos - a única maneira pela qual podem funcionar em nosso sistema financeiro globalizado.

* Todas essas reformas sempre envolverão mudanças de percepção, de uma orientação de produto para uma orientação de serviço e a “desmaterialização” das nossas economias produtivas. Por exemplo, uma montadora de automóveis deve conscientizar-se que não está necessariamente só no mercado de venda de carros, mas também no negócio de oferecer mobilidade, que também pode ser conseguida, dentre muitas outras coisas, pela fabricação de um número maior de ônibus e trens e pela re-concepção de nossas cidades. Similarmente, todos os países - e especialmente os Estados Unidos - devem perceber que o combate às mudanças climáticas é hoje a mais importante e mais urgente questão de segurança mundial. A Administração Obama deveria reduzir o orçamento do Pentágono, enquanto aumenta os fundos destinados à diplomacia e construção de uma nova economia “verde”.

* O indivíduo deverá alterar sua percepção e encontrar satisfação trocando o consumo material pelas relações humanas e construção de sua comunidade. Essa mudança de valores é hoje promovida pelos muitos grupos cívicos e também por séries de TV, como a conhecida “Mercado Ético.”16 Uma proposta de corte de créditos de impostos para propaganda corporativa procura reduzir a propaganda de maneira justa, sem prejudicar o direito da pessoa de se expressar livremente.17

Crescimento Qualitativo Além da Economia

Essa alteração de crescimento econômico quantitativo para crescimento econômico qualitativo criará novas indústrias e reduzirá o tamanho de outras, de acordo com critérios ambientais e sociais. Na medida em que a precificação de custo total, os custos do ciclo de vida, como também a auditoria social, ambiental e ética passarem a ser norma, veremos quais processos de produção devem ser aquecidos e quais devem ser gradualmente eliminados. Qualquer comprometimento sério, nessa empreitada, deixará evidente que os principais problemas de nosso tempo - energia, meio ambiente, mudanças climáticas, alimentos em quantidades suficientes e uma situação financeira segura - não podem ser entendidos isoladamente. Eles são problemas sistêmicos, o que significa que estão todos interconectados e são todos interdependentes.

Para mencionar apenas algumas dessas interdependências, a pressão demográfica e a pobreza formam um ciclo vicioso que, exacerbado pelas tecnologias capital-intensivas, levam ao esgotamento dos recursos - menos empregos, cada vez menos água, florestas encolhendo, a pesca entrando em colapso, a erosão do solo, bolsões de pobreza ainda maiores, etc. A economia crescimento do PIB é falha e exacerba as mudanças climáticas agravando tanto a exaustão dos recursos como a pobreza, levando até ao colapso dos estados, cujos governos não conseguem mais oferecer segurança para seus cidadãos. Sendo que alguns, por puro desespero, se voltam para o terrorismo.18

A interconectividade fundamental entre nossos principais problemas deixa claro que precisamos ir além da questão econômica para superar a atual crise financeira global. Por outro lado, tal entendimento sistêmico torna possível encontrar soluções sistêmicas - soluções que resolvam diversos problemas ao mesmo tempo. Por exemplo, a mudança da agricultura industrial de larga escala, que usa muitos produtos químicos para a agricultura orgânica, orientada para a comunidade e fazendas sustentáveis que contribuiriam significativamente para a solução de três dos nossos maiores problemas: dependência de energia, mudanças climáticas e crise na Saúde.19

Diversas soluções sistêmicas desse tipo foram recentemente desenvolvidas e testadas em todo o mundo.20 Com elas fica evidente que a mudança do crescimento quantitativo para um crescimento qualitativo, usando todos os novos indicadores de qualidade de vida e bem-estar, pode redirecionar países, de uma destruição ambiental para a sustentabilidade ecológica e do desemprego, pobreza e desperdício para a criação de postos de trabalho significativos e dignos. Essa transição global para a sustentabilidade não é mais um problema conceitual ou técnico. É uma questão de valores e vontade política.




fonte: http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=59575&edt=29

segunda-feira, 11 de maio de 2009

GUIA PARA DESCARTE ADEQUADO DO PET

Folheto de orientação para os consumidores de produtos envasados nas embalagens de PET. Será distribuído durante projetos especiais educativos dos quais a ABIPET participa. É possível baixar sua versão eletrônica clicando aqui. A distribuição desta versão eletrônica é livre.
Para que a reciclagem das embalagens pós-consumo aconteça de fato é necessário que o consumidor saiba bem qual é o seu papel. Para auxiliá-lo na tarefa de descartar adequadamente suas embalagens, a ABIPET desenvolveu esta publicação repleta de dicas e orientações, tanto para o consumidor individual como para grandes geradores, por exemplo: shoppings, condôminios, centros empresariais, etc.

fonte: http://www.abipet.org.br/publicacoes.php

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Abelhas estão desaparecendo no sul do Brasil

por Marco Aurélio Weisheimer - Agência Carta Maior


Apicultores gaúchos e catarinenses relatam desaparecimento de abelhas em níveis inéditos. Alguns produtores registram perdas de 25% na produção de mel. Pesquisador diz que uma das causas do fenômeno pode ser a influência de lavouras transgênicas.

Porto Alegre, RS - As primeiras notícias sobre o fenômeno do desaparecimento das abelhas foram recebidas como uma espécie de enredo de um novo filme de ficção científica. Mas o problema tornou-se muito real. Nos Estados Unidos recebeu o nome de Colony Collapse Disorder (Desordem e Colapso da Colônia). Agora, o problema foi detectado também no Brasil, particularmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Matéria publicada no jornal Diário Catarinense, de Florianópolis, afirma que o desaparecimento das abelhas já é motivo de grande preocupação entre apicultores dos dois Estados. E o desaparecimento vem acompanhado de outro problema: as abelhas que permanecem nas colméias estão morrendo infectadas por diversas doenças. Em depoimento ao jornal, o apicultor e pesquisador Leandro Simões, de Campo Alegre, diz que nunca viu algo parecido em 35 anos de profissão.

O fenômeno pode causar graves desequilíbrios ambientais, uma vez que as abelhas são responsáveis por mais de 90% da polinização e, de forma direta ou indireta, por 65% dos alimentos consumidos pelos seres humanos. Alguns produtores já registram perdas de 25% na produção de mel.

Segundo Jair Barbosa Júnior, do Instituto de Estudos Socioeconômicos, com sede em Brasília, uma das possíveis causas do fenômeno pode ser a influência de lavouras transgênicas. No Brasil, lembrou Barbosa, não há estudos aprofundados sobre o impacto dos transgênicos no ecossistema. Outra possível causa apontada pelo pesquisador é o aquecimento global. O sistema de orientação das abelhas funciona por meio dos olhos. As abelhas dependem da luz solar para encontrar o caminho de volta para as colméias. O aumento da incidência de raios ultravioletas poderia, assim, ser uma das causas do fenômeno. Essa possível causa não explica, porém, o que está atingindo o sistema imunológico dos animais.

A advertência de Einstein

O físico Albert Einstein disse que se as abelhas desaparecessem, a humanidade seguiria o mesmo rumo em um período de 4 anos. A razão é muito simples: sem abelhas não há polinização, e sem polinização não há alimentos. O desaparecimento das abelhas começou a ser tema na mídia em 2006, nos EUA e no Canadá, quando criadores que alugam enxames para agricultores começaram a relatar o desaparecimento destes animais em níveis muito elevados.

Em várias regiões destes dois países, apicultores chegaram a perder 90% de suas colméias. O biólogo norte-americano Edward Wilson, chamou o fenômeno de “o Katrina da entomologia”, numa referência ao furacão que arrasou Nova Orleans, nos EUA.

Na Califórnia, entre 30% e 60% das abelhas desapareceram. Em algumas regiões da costa leste dos EUA e do Texas, esse índice chegou a 70%. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o fenômeno foi registrado em 42 estados norte-americanos e duas províncias canadenses. A redução das colônias de abelhas no país vem ocorrendo, pelo menos, desde 1980. De acordo com dados do USDA, o número de colméias hoje nos EUA (2,4 milhões) é 25% do que aquele que existia em 1980.

Já segundo a Associação de Apicultura Americana, o desaparecimento das abelhas atingiu 30 estados dos EUA. A morte repentina de abelhas também já foi registrada em países como Alemanha, Suíça, Espanha, Portugal, Itália e Grécia. Manfred Hederer, presidente da Associação Alemã de Apicultores, relatou uma queda de 25% nas populações de abelhas por toda o país.

Transgênicos entre os suspeitos

Entre as possíveis causas do fenômeno, são citadas a radiação de telefones celulares, o uso indiscriminado de herbicidas e o uso de transgênicos, em especial os do milho Bt (com gene resistente a insetos; contém pedaços do DNA da bactéria Bacillus thuringiensis).

Diversos países proibiram, recentemente, variedades transgênicas do tipo Bt, o segundo transgênico mais plantado hoje no mundo (fica atrás apenas da soja). O governo peruano proibiu a variedade da batatinha transgênica Bt, em razão do país ser o centro de origem e biodiversidade desta cultura. O México proibiu totalmente o plantio ou consumo do milho Bt pelas mesmas razões. O governo da Grécia tomou a mesma decisão, estendendo a proibição a 20 variedades do milho Bt, por risco de ameaça à espécie humana, à vida silvestre e à indústria de criação de abelhas. O Brasil, por sua vez, vem aprovando a liberação de transgênicos Bt.

Outra hipótese levantada relaciona o problema à radiação dos telefones celulares. O jornal inglês The Independent publicou matéria a respeito, afirmando que a radiação dos celulares poderia estar interferindo no sistema de navegação das abelhas, provocando a desorientação das mesmas, que, assim, não conseguiriam mais voltar para suas colméias. Além disso, citou pesquisas alemãs que apontaram mudanças de comportamento das abelhas nas proximidades de linhas de transmissão de alta tensão.

Ainda não foi encontrada nenhuma prova sobre a real causa do problema. A possibilidade de uma praga causada por algum produto químico é questionada pelo fato de que não são encontrados restos mortais das abelhas em grande número. Quando uma colônia é afetada por algum microorganismo, há muitos insetos mortos em torno delas. Nos casos relatados nos EUA e em outros países, as abelhas simplesmente estão desaparecendo.

Alguns cientistas, por outro lado, minimizam o problema. O professor emérito de entomologia da Oregon State University, Michael Burgett, disse ao jornal The New York Times que as grandes baixas em abelhas em algumas regiões poderiam simplesmente ser um reflexo de picos populacionais superiores à taxa normal de mortalidade em décadas recentes. Segundo ele, no final dos anos 70 houve um fenômeno similar a este, que, na época, foi chamado de “doença do desaparecimento”. Não foi encontrada uma causa específica para o desaparecimento.

Mas não se trata de uma simples repetição. A novidade é que, desta vez, o problema está aparecendo ao mesmo tempo em várias regiões do planeta, inclusive no Brasil.


Fonte: http://funverde.wordpress.com/2007/08/31/abelhas-estao-desaparecendo-no-sul-do-brasil/

sexta-feira, 27 de março de 2009

manual de resíduos sólidos

Um guia passo-a-passo produzido pelo SEBRAE para o gerencimento de resíduos sólidos.

baixe aqui: http://www.firjan.org.br/notas/media/manual_residuos2006.pdf

sexta-feira, 20 de março de 2009

Bioconstruções - Tecnologias para Habitação

Adobe

Mais de três mil anos de história confirmam e garantem a viabilidade de uma das mais antigas técnicas da arquitetura vernacular. Para fazer o tijolo de adobe qualquer barro serve, não exige mistura precisa de argila e areia, é seco ao sol e não leva mais do que três dias para ficar pronto. É largamente utilizado pelas populações tradicionais ao redor do mundo. Em algumas cidades do interior do Brasil tijolo de seis furos não tem "vez", pois o adobe é predominante na arquitetura local. O tamanho do bloco varia conforme o tamanho da fôrma e a largura de parede desejada, mas a receita básica é a mesma: terra, água, palha picada e as fôrmas, geralmente de madeira. A terra é misturada com água e pisada até formar uma mistura homogênea. Depois de colocada nas fôrmas, estas são retiradas e o tijolo é deixado ao sol para secar.
A massa para sentar os adobes na parede é a mesma massa de que o próprio adobe é feito, uma casa pode ser construída sem usar nenhum cimento.

Um pequeno grupo de pessoas pode fabricar rapidamente todos os adobes necessários para a obra.

Vantagens:
- qualidade do ar
- isolante térmico
- independente de cimento nas paredes
- mais de três mil anos de eficiência comprovada
- confecção dos tijolos é rápida e simples

Bambu

O bambu é uma planta extremamente versátil, aplicado nas mais diversas situações, desde utensílios domésticos, passando pela fabricação de papel até chegar na arquitetura.
As fibras do colmo do bambu são extremamente fortes, ao mesmo tempo em que são flexíveis, características que são transferidas quando a planta é aplicada à construção. Em algumas regiões do Peru as construções de bambu já provaram sua segurança resistindo a inúmeros terremotos, imponentes em meio às ruínas de prédios modernos incapazes de resistir aos tremores.

Além de resistente e facilmente encontrado, o bambu integra-se maravilhosamente ao ambiente.

Os povos da Ásia há milhares de anos já conhecem as inúmeras vantagens desta planta. É comum avistar em meio aos arranha-céus, gigantescos andaimes que são montados amarrando-se as varas de bambu. No Japão, empresas estão adicionando as fibras do bambu aos blocos de concreto que são utilizados na construção de rodovias, pontes, viadutos, dentre outras aplicações.

O bambu requer tratamento que possa garantir sua durabilidade e evitar o ataque de insetos e microorganismos. O tratamento convencional é realizado com a utilização de químicos que são extremamente tóxicos. Mas é totalmente possível um tratamento ecológico do bambu, os mesmos tratamentos que garantiam a resistência das construções milenares funcionam perfeitamente nos dias de hoje. O tratamento varia de acordo com a espécie, seja o tratamento com fogo, cera, água, tanino, assim como a forma de construção varia conforme a região de sua origem, encaixe, amarração, pinos, etc.

Vantagens:
- versatilidade
- resistência


Cob

Técnica originária do interior da Inglaterra que remonta ao período medieval europeu. No COB a matéria prima principal é o barro argiloso adicionado de palha e um pouco de água, o segredo de um bom COB está no trabalhar o barro, que deve ser pisado de forma quase rítmica até se chegar ao ponto, ou liga, desejada. A proporção de argila na terra deve estar em torno de 30%, em alguns casos é necessária a adição de areia à mistura, a palha ideal é a de arroz, que vai servir como a amarração dos blocos de COB ao serem montados na estrutura. Quase que uma massa de modelar, a técnica permite dar-se a estrutura a forma desejada, construindo casas com formas artísticas, arredondadas, com armários ou sofás embutidos nas paredes, após o período de secagem uma casa de COB parece ter sido esculpida de um bloco só.
Na técnica não é necessário adicionar cimento, não dependendo de gastos com materiais externos, e com todas as vantagens que só uma casa feita de terra possui.

Uma das maiores vantagens do cob é o poder de personalização de sua forma.

Vantagens:
- qualidade do ar
- isolante térmico
- 100% independente de cimento
- possibilita formas orgânicas e artísticas


Fardos de palha

Dos materiais naturais comumente utilizados na bioarquitetura o de melhor conforto térmico e acústico é com certeza a palha, numa das técnicas mais recentes, desenvolvida há menos de duzentos anos nos Estados Unidos. A construção com fardos de palha se aproveita dos mesmos fenos que são utilizados para conservação e transporte da forragem animal, mas que na maioria dos casos é resíduo abundante das lavouras de produção de cereais, como o trigo e o arroz. A grande vantagem deste material consiste no fato da palha dos cereais conter sílica, que com o passar do tempo fossiliza contribuindo com a longa durabilidade do material. Uma edificação de fardos de palha conta com elevada eficiência térmica e leva pouco tempo a ser construída. Devido a leveza e funcionalidade dos fardos estes funcionam como blocos a serem encaixados, erguendo assim paredes de forma rápida e simples.

Na foto, a parede de fardos de palha está sendo aparada para facilitar a aplicação do reboco natural.

Vantagens:
- um resíduo abundante nas lavouras de trigo e arroz
- contém sílica, atribuindo vida longa a obra
- conta com elevada eficiência térmica
- técnica de rápida execução



Mosaicos - técnica de decoração

Já diz o ditado permacultural: "O problema é a solução". Não existe quem já não tenha se surpreendido com a beleza de um mosaico, seja nos vitrais de uma catedral gótica da idade média, ou seja num mural de Antony Gaudi, os mosaicos proporcionam um visual extremamente belo. E podem ser obtidos de forma muito fácil e econômica, na confecção são utilizados pedaços e restos de pisos e cerâmicas. É fácil conseguir a matéria prima, basta procurar junto à demolidoras ou no depósito de lixo local, quanto maior a variedade de cores e padrões, mais criativo deve ser o resultado final. Montar um mosaico é como montar um quebra cabeças, pode se começar a partir de um desenho ou simplesmente ir seguindo um padrão. O mosaico é excelente para revestimentos no banheiro ou na cozinha, pisos ou um enfeite externo num muro ou numa mesa de jardim. O resultado é excelente e o investimento é pequeno visto que se trata de um resíduo que geralmente acaba virando entulho.

Todas as mesas da praça de alimentação do Ecocentro IPEC são decoradas com mosaicos.

Vantagens:
- versatilidade
- visual
- economia

Rebocos naturais

Uma casa construída com técnicas de bioconstrução merece um revestimento à altura. Os revestimentos naturais seguem os mesmos princípios das já anteriormente citadas técnicas: utilização de recursos do local, economia de materiais e combustíveis, saúde para os habitantes, tecnologia simples e tradicional, dentre outros. Para se obter um bom resultado no reboco, é interessante se estudar e testar a composição de seu solo, mais argiloso, menos argiloso, arenoso, saibroso, etc. Cada caso é um caso e a proporção destes materiais varia de local para local, mas existe um ingrediente básico que é de extrema importância: o esterco de vaca. O esterco das vacas contém o ácido lático que vai dar a liga necessária à massa de reboco e reduzir a necessidade de se adicionar cimento. Em caso de revestimentos externos, devido à ação da chuva, pequenas quantidades de cimento podem ser incorporadas à massa. Outros ingredientes colaboram com a durabilidade e resistência do reboco, como a cal, a cinza, e o óleo de linhaça.

Um reboco natural é o perfeito acabamento para uma construção natural!

Vantagens:
- conhecimento tradicional
- economia
- saúde para os habitantes


Superadobe

Brilhante técnica de construção desenvolvida na Califórnia e que utiliza-se de sacos de polipropileno preenchidos com subsolo do respectivo local. Relativamente simples e de fácil aprendizado, com custos baixíssimos por não depender de recursos externos nos principais estágios da construção. O Ecocentro IPEC dispõe da maior edificação em superadobe do hemisfério sul, trata-se da cozinha industrial. As habitações construídas com a respectiva técnica têm a característica de manterem níveis de temperatura e umidade constantes, sendo a terra um isolante natural. As edificações de superadobe reduzem significativamente os custos com refrigeração e aquecimento.

Para fazer o superadobe, basta socar sacos contendo solo uns sobre os outros.

Vantagens:
- extremamente simples e de fácil aprendizado
- economia de até 60% no custo final
- níveis de temperatura e umidade ideais para habitação humana
- paredes de terra são filtros naturais.
- elimina custos com refrigeração ou aquecimento do ambiente
- adaptável a qualquer tipo de solo



Taipa de pilão

Uma das técnicas de construção alternativa mais difundida ao redor do globo, utiliza-se de uma mistura de solo e cimento socada dentro de fôrmas de ferro ou madeira. As fôrmas são montadas no local e devem resistir a pressão exercida pela terra quando esta for socada. A matéria prima é o subsolo do local adicionado de 10% de cimento formando uma mistura chamada de solo-cimento. Cerca de 90% do material de construção das paredes pode ser proveniente do próprio local da obra, reduzindo drasticamente os custos da construção. Além de todas as vantagens em termos de eficiência térmica da construção em terra.


Apesar de exigir um grande esforço físico, a taipa de pilão é um dos melhores alicerces encontrados na bioconstrução.

Vantagens:
- 90% do material pode ser proveniente do próprio local
- reduz drasticamente os custos da construção
- eficiência térmica
- compatível com grandes obras



Taipa leve

Surgida na Alemanha a técnica do Leichtlem, ou taipa leve, é a ideal para preenchimentos isolantes ou divisórios internas. A matéria prima é a palha de cereal, abundante em áreas agrícolas, lambuzada com lama de barro argiloso. Na taipa leve utilizam-se fôrmas de madeira presas a algum suporte ou coluna, dentro das fôrmas é colocada a mistura de palha e lama que depois é socada. A fôrma vai subindo conforme vai sendo preenchida, depois de seca a parede está firme e pronta para receber o reboco. As paredes de taipa leve não são autoportantes dependendo de colunas de apoio e ficando seu uso restrito a divisórias. Estas pequenas limitações não oferecem oposição às inúmeras vantagens da técnica, que incluem isolamento térmico e acústico, baixo custo e uso de um recurso/resíduo do local.


A taipa leve é ideal para divisórias internas!

Vantagens:
- resíduo
- muito rápida e simples
- ideal para divisórias
- serve como preenchimento térmico



Fonte: http://www.ecocentro.org

Sanitário Compostável

Sanitário compostável lembra que o cocô do pasto não é o único bom para a plantação. O seu também é!

Há alguns anos o mundo vem falando, aqui e ali, sobre os sanitários compostáveis. Nesse meio tempo muita gente torceu o nariz ou simplesmente não deu muita bola. Mas hoje, quando o problema está todos os dias nos jornais, os sanitários secos ganharam, finalmente, o status que merecem. Eles já estão consolidados como tecnologia social para viabilizar o cocô sustentável há algum tempo, mas só agora assumiram o trono.

Para quem está embarcando hoje neste assunto, uma rápida explicação: os sanitários compostáveis transformam os problemas dos esgotos e do desperdício de água das descargas em solução para o solo. É uma forma eficiente de evitar que litros e litros de água limpa sejam misturados aos excrementos humanos. Neles, os dejetos (líquidos e sólidos) vão sendo depositados em uma câmara fechada e, com tempo e temperatura adequados, tornam-se um excelente adubo orgânico.

Não é exagero dizer que puxar a descarga do vaso sanitário convencional é ver descer esgoto abaixo nossa tão estimada água. E com ela um potencial adubo orgânico gratuito. Para quem ainda acha estranho tamanho apreço pelo cocô humano vão algumas informações. Um dado de 2005, fornecido pelo pesquisador americano Joseph Jenkins, mostra que o mundo gasta em média 90 bilhões de dólares com adubação química por ano. Se utilizássemos nossas próprias fezes, esse dinheiro poderia ser empregado de forma mais útil e o solo ficaria livre dos químicos. Além disso, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informa em seu site que uma privada gasta em média entre 10 e 14 litros de água por descarga, podendo chegar a consumir 30 litros quando está desregulada.

A primeira pergunta que a maioria das pessoas faz com relação ao sanitário seco é: mas e os coliformes fecais? Os patógenos? O sistema do sanitário compostável pressupõe a aniquilação de todas as possíveis doenças presentes nas fezes. Nosso sistema digestivo funciona sob a temperatura de 37 graus e a melhor maneira de acabar com essas doenças é subir a temperatura. A experiência mostra que se a temperatura do recipiente onde ficam guardadas as fezes for de 50 graus, em um dia os patógenos estarão todos mortos. Como o ideal é deixar as fezes armazenadas entre três e seis meses, não há risco de contaminação.

Nesse processo não se produz poluentes, não se desperdiça água potável e ainda há um respeito pelos ciclos naturais. O que vai sair do seu reservatório de fezes, nada tem a ver com o seu cocô. Meses depois, o que haverá ali é húmus. Um material orgânico decomposto, que forma a base da vida no solo. Alguns podem ter esquecido, mas somos animais! O húmus eleva a capacidade de absorção de água do solo, fornece nutrientes importantíssimos e favorece as ações de microorganismos essenciais para a vida na terra.

gora você pergunta: mas e o cheiro? Toda vez que alguém usa o trono joga uma porção de serragem (terra ou folhas secas) por cima. Isso elimina o cheiro, evita insetos e ainda absorve a umidade. Mesmo depois de um simples xixi a serragem é importante para evitar odores. Quando está cheia, sua câmara de compostagem deve ser fechada para os meses recomendados de decomposição. É por esse motivo que você precisa de duas câmaras (enquanto uma decompõe, a outra é usada) ou de câmaras móveis, que são levadas para decompor em outro lugar quando cheias.

Como montar um forno para esquentar as fezes e mantê-la na temperatura certa não é nada sustentável, o ideal é que se use o sol para cumprir esse papel. No IPEC, as câmaras dos sanitários são voltadas para o norte, onde o sol bate durante o dia todo. Para ajudar mais nesse trabalho, as faces das câmaras foram pintadas de preto e foi aberto um respiradouro (com tela para que não entrem insetos) para que os gazes possam sair.

No começo, muitas pessoas estranham. Nada mais normal, já que vivemos em um mundo de hábitos arraigados. É preciso manter a tampa do sanitário seco sempre fechada para que insetos não entrem e, depois, saiam tendo colocado as patinhas no seu cocô. Também é preciso manter o estoque de serragem a mão. Pequenos cuidados com as quais qualquer um se acostuma.

O sanitário compostável do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado foi finalista do prêmio Tecnologia Social 2005, promovido pela Fundação Banco do Brasil. Hoje, seis sanitários estão em funcionamento, fornecendo húmus às plantações. O material retirado das câmaras pode ir direto para o solo, ou pode passar algum tempo no minhocário, tornando-se ainda mais potente. Ele merece ou não merece o trono?



Cinco motivos para instalar um sanitário compostável em sua casa

1. Em 2004, o IBGE declarou que existem mais de 45 milhões de brasileiros sem acesso à água potável e mais de 90 milhões sem acesso à rede de esgoto.

2. No mundo são aproximadamente 1.2 bilhões de pessoas sem acesso à água potável e quase 3 bilhões sem saneamento básico (Relatório de Desenvolvimento Humano de 2004).

3. Dois terços do globo terrestre são compostos de água, mas apenas 2,5% dela não contêm sal. Dessa pequena parte, dois terços encontram-se nas geleiras e áreas glaciais.

4. John Reid, ministro da defesa da Grã-Bretanha, assumiu recentemente que a violência e os conflitos políticos devem se intensificar na medida em que as reservas de água diminuam.

5. Especialistas estimam que uma pessoa pode viver com 30 litros de água por dia. Entretanto, um norte-americano usa em média, atualmente, 500 litros por dia. Chega a 35 litros a água gasta apenas com a descarga. Essa quantidade é capaz de suprir o gasto total diário de quatro pessoas em regiões como Mali, Somália e Moçambique.

por Lia Bock
Jornalista e parceira do IPEC

quinta-feira, 5 de março de 2009

Kumbaya

Kumbaya 2

Kumbaya é uma receita que contém tabaco orgânico natural, calêndula, camomila, menta, sálvia, jasmim e rosas.

Surge como um incentivo ao não consumo de elementos químicos viciantes contidos nos cigarros industrializados e ao financiamento das multinacionais involutivas indústrias tabagistas.

Visualizamos que as pessoas fumantes podem reduzir gradualmente este vício consumindo algo natural, livre de químicas e que pode ser preparado por ela mesma. Objetivando finalmente a liberdade de qualquer vício ou dependência e a possibilidade de deixar de fumar.


Produto natural e artesanal

Para comprar acesse:

http://www.moradadafloresta.org

"Greenwashing"- Responsabilidade socioambiental ou apenas maquiagem verde?


As exigências são grandes, principalmente por parte do consumidor, mas será que o retorno tem sido adequado?

O marketing é uma função importante em qualquer empresa e na busca de mercado, através do equacionamento entre as variáveis produto, preço, ponto venda e promoção (4Ps), com o objetivo maior de satisfazer as necessidades do consumidor. Desde o início da década de 1970 — no Brasil, desde a década de 1990 — a sociedade começa a ter uma nova visão do mundo, onde as questões ambientais passam lentamente a ser incorporadas nas reflexões pessoais, o que significa que, aos poucos, começa a ser percebida como uma necessidade ou exigência dos consumidores, o que é muito bom, destaca José Carlos Lázaro, pesquisador do Laboratório de Estudos em Competitividade e Sustentabilidade (LECoS), da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Frente a esta necessidade (ou exigência) em relação ao meio ambiente, por parte de alguns consumidores, empresas passam a trabalhar nos dois ´Ps´ mais suscetíveis à questão: produto e promoção. O desenvolvimento de produtos ambientalmente mais saudáveis é um ganho real da sociedade, exercendo seu papel de mercado. Nesta corrida, muitas vezes por consumidores ainda sem informação suficiente para exercer uma consciência ambiental ativa, algumas empresas abusam da falha de informação e a vontade de ser consciente e usam maquiagem para parecer ambientalmente mais corretas que os concorrentes.

´Greenwashing´ é o termo utilizado para designar esse tipo de ação, construído a partir de ´green´ (verde, no sentido de ser ambiental) e ´whitewashing´ (lavagem branca, ´apagar ou encobrir através de um erro´). Esta lavagem verde ou, como vem sendo traduzida do Inglês, ´maquiagem verde´, é definida como qualquer forma de marketing ou relações públicas de empresas privadas, públicas ou mesmo ONGs que busque relacionar positivamente a organização e/ou seus produtos a questões ambientais, sendo esta relação negativa ou duvidosa.

O ´greenwashing´ é identificado principalmente quando há desequilíbrio entre a promoção de um produto ou empresa divulgada como verde e a realidade ´verde´ deste produto. Dois casos clássicos são os das balas(projéteis) sem chumbo e dos cigarros ´orgânicos´ . No primeiro, o exército norte-americano, junto com seus fornecedores de munição para armas de baixo e médio calibre, divulgou que usaria novas balas pensando no dano ambiental que poderiam causar, na perspectiva da sustentabilidade das ´gerações futuras´, por conterem chumbo em sua composição. Ou seja, ´matar pode´, desde que não prejudique o meio ambiente.

O segundo, que recebeu críticas severas, inclusive da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi o ´tabaco orgânico´, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Vendido a granel, esse produto costuma usar selo ´100% livre de aditivos´, se considerando orgânico, o que, segundo a OMS, pode levar a crer que não é tóxico.

Fica, então, a critério do consumidor, avaliar o que está colocando no carrinho e consumindo, acreditando no apelo ecológico.

´Radical greening´

Do outro lado desta moeda, surgiu o ´radical greening´, nome utilizado em recente estudo da consultoria Ernst & Young para uma tendência observada em todo o mundo, de aumento das preocupações ambientais entre consumidores e governos.

A pesquisa, denominada Riscos Estratégicos Empresariais, o “esverdeamento radical” constitui hoje, segundo 70 analistas entrevistados, uma das dez maiores próximas ameaças aos negócios. Por isso, já começam a trabalhar com a perspectiva de que consumidores ambientalmente engajados e regulamentações mais severas venham a exercer pressão cada vez maior sobre as suas atividades, destaca Ricardo Voltolini, publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável.

De acordo com o estudo, a tendência transformou-se em risco estratégico por força do receio de que a humanidade venha a sofrer os impactos das mudanças climáticas. ´Antes indiferentes ao debate, os consumidores começam a usar o seu poder para influenciar mudanças de comportamento´, afirma Voltolini.

No curto prazo – aponta o relatório – o desafio estratégico está em quanto as companhias estão dispostas a fazer para serem ambientalmente responsáveis. Isso porque uma decisão para o futuro implica altos custos presentes que, no entanto, podem gerar dividendos caso os consumidores percebam e atribuam valor a ela ou as regulamentações se tornem mais severas de um dia para outro.

Segundo Voltolini, a postura tem um caráter preventivo. Mas não precisa ser necessariamente reativa às circunstâncias. Os mercados podem participar mais pró-ativamente do desafio estratégico do ´radical greening´, investindo em rótulos que informam sobre compromissos socioambientais.

Nessa economia, as empresas devem decidir sobre o que desejam ser: ´Muitas devem adotar um protocolo mínimo para cumprir a lei; outras, oferecer produtos menos impactantes; mas haverá espaço para as ousadas e inovadoras, que criarão serviços que ajudem consumidores a reduzir suas pegadas ecológicas´.


Fonte - Diário do Nordeste

Tecido de Juta - ecologicamente correto

Tecido de Juta
O tecido de juta é um dos mais utilizados depois do algodão. É totalmente versátil, econômico, forte e durável. É ecologicamente correto e não estraga facilmente sob a exposição de luz solar.
Atualmente a cidade que mais cultiva a juta como matéria-prima é o Bangladesh, e o maior fabricante de mercadorias é a Índia, sendo seguida por China, Tailândia, Mianmar, Butão e Nepal.
Introduzida no Brasil por Ryoto Oyama entre as décadas de 1930 e 1940, a cultura foi feita inicialmente por japoneses, tornando-se a seguir uma das principais atividades econômicas das populações ribeirinhas da região amazônica, sendo um fator fundamental da fixação de mais de 50 mil famílias ao campo.

Processo de fabricação da Juta

Tecido é obtido a partir da planta juta. É uma planta anual, que se adapta melhor em solos úmidos e quentes.
As sementes tendem a amadurecer em apenas 3 meses gerando uma planta com uma altura média de 3 a 4 metros. Com 5 meses nascem as flores e folhas , começando assim a sua colheita.
As hastes são cortadas, e classificadas de acordo com o seu tamanho e espessura. Estas são colocadas em bancos de areias dentro de piscinas de água estagnada para afrouxar a fibra e formar um tecido lenhoso.
Após atingir um estágio suficiente de suavidade, as fibras são separadas e penduradas em linhas verticais para a secagem. Em seguida são ordenadas e classificadas para os moinhos que farão a fiação do produto.
A força, a cor e a espessura da juta variam conforme o ambiente e o manuseio da mesma. Para torná-la uniforme, as fibras diferentes são misturadas entre si, e são tratas e amaciadas com água e óleo dentro de cilindros pesados e espiralados que as tornam homogêneas e compactas. Em seguida são cardadas em máquinas que reduzem o seu comprimento médio e as tornam mais resistentes e suaves.
Depois disto, vai para o serviço itinerante, onde o mesmo faz uma pequena modificação para a lasca de madeira e esta envia para a fiação. O processo de Spinning converte-os em um fio acabado.

Tecido produtos

Hessian – É um ponto de tafetá, feito inteiramente de juta, com urdidura e trama intrincada, não pesando mais de 576 grms/m2. Ele é usado para fazer sacos ou pacotes para cobrir qualquer tipo de material.
CBC - Um tecido feito inteiramente de juta, mas que é inferior a 104 cm de largura, com peso acima de 169 gms/m2. É utilizado como suporte básico e secundário para tapetes.

Saque ou Planície- São tecidos também feitos somente da juta, com peso inferior a 407 gms/m2. É utilizado para a embalagem de grãos, produtos químicos, etc

Heavy Tecido ou Canvas - Um tecido que mistura o tafetá com a juta, feitas em uma ampla gama de construção e pesos. É utilizado para sacos de correio postal, sacolas e sacos de sementes de alta qualidade.
Fios de juta - Ele é usado como um enchimento para tecer fios de carpete na indústria.
Correias – É uma fita estreita de juta com largura inferior a 6 cm, que serve como cabo ou corda para a indústria.
Além dessas opções acima a juta também serve para fazer alças, bolsas, embalagens, tapetes e sacos para agropecuária. Com gramaturas altas e grossas, pode servir para isolamentos térmicos e acústicos.

Principais Características do Tecido
* Resistente
* Isolante térmico e elétrico
* Estável à luz solar. Não se degrada em exposição à luz solar.
* Possui uma alta densidade.
* Insensível ao ataque químico.
* Ambientalmente correto
* Reparável e Reutilizável.

Utiliza-se tecido de juta em:

* Sacos para transporte e embalagem.
* Apoio para carpetes, linóleo, cordéis e fios.
* Usado como correias para cobrir o interior de molas.
* Serve como estofamento de móveis.
* Serve como revestimento de pavimentos e coberturas para vestuário, calçado, forro e fis mobiliários.
* Usado para controle de erosão.
* Usado em acessórios e vestuário de moda

fonte:
http://www.portaisdamoda.com.br
http://portalamazonia.globo.com
wikipedia

Lavagem de roupas sem detergentes



No mundo ocidental há mais de um século, que nos é incutido pela indústria química, que para uma melhor lavagem e limpeza das nossas roupas, os produtos químicos são os melhores.

Os detergentes para a roupa na sua composição, incluem entre outras substâncias, branqueadores químicos, amaciadores, fragrâncias, enzimas e agentes tensioactivos. Grandes partes destas substâncias são nocivas e prejudiciais ao Meio Ambiente ( não são biodegradáveis ), sendo bastante perigosas para os seres vivos, incluindo o Homem.

Diga não aos químicos. Uma contribuíção para preservar o Planeta.

Nos países orientais, nomeadamente no Japão e Coreia, obtiveram-se os mesmos resultados com a aplicação da hidrodinâmica, bioelectricidade e biomagnestismo.

No mundo científico é conhecido o poder dos iões negativos, como anti-desinfectante, anti-bacteriano e muito benéficos para a saúde. Assim as investigações para limpeza ( no Oriente ) centraram-se em ionizar a água e variar a sua estrutura molecular, por meios físicos e não químicos. Assim nasceu a Bola 100% ecológica.

A bola OKO-BALL é composta de bolas bio-cerâmicas naturais e 2 imãs, 12.000 Gauss, numa esfera de polipropileno ecológico:

-Bolas Infravermelhos, forte acção de raios infravermelhos e muita libertação de aniões. Activação da água;

- Bolas Alcalinas, forte acção alcalina que elimina o calcário da água, prolongando a vida da máquina de lavar;

- Bolas Esterlizantes, forte acção esterlizante e desinfectante;

- Bolas Anti-Cloro, forte acção de absorção do cloro com exclusão e dissolução na lavagem.

No Japão e Coreia estas bolas ecológicas são utilizadas há vários anos.

UMA ALTERNATIVA AO USO DE DETERGENTES

Como funciona a Öko-Ball?

As bolinhas de infravermelhos quebram as combinações de hidrogénio das moléculas de água, com a finalidade de aumentar o movimento molecular. Esta acção aumenta o poder de lavagem. Por outro emite iões negativos que enfraquecem a aderência das sujidades nos tecidos para que sejam separadas facilmente. Os imãs mudam a estrutura dos anéis pentagonais das moléculas da água a uma nova estrutura hexagonal, que permite melhorar a eficácia da limpeza. As bolinhas alcalinas eliminam o calcário da água, as anti-cloro absorvem o cloro com exclusão e dissolução na água e as esterelizantes têm uma acção esterelizante e desinfectante.

- Ideal para bebés, crianças, idosos e pessoas com a pele sensível;

- Protege a saúde da pele contra resíduos químicos nas roupas;

- Elimina o bolor e os organismos patogénicos da sua máquina;

- Suaviza a roupa e elimina os maus odores;

- Elimina a quantidade de detergentes ( químicos ) lançados através da água para o Ambiente;

- Reduz o consumo da água e electricidade ( programas mais curtos e máxima temperatura de 50% );

- A água por não conter químicos é reutilizável (ex: regar plantas);

- Ecológica ( sem fosfatos, hexyl cinnamal, buylphenyl, etc.);

- Evita a calcificação da sua máquina de lavar e a destruição das tubagens;

- A bola Öko-Ball tem uma garantia de 3 anos e uma duração de 4 anos / 1.500 lavagens ( média 1 lavagem por dia );

- Com a utilização da Bola Öko-Ball tem uma poupança/economia nos gastos de lavagem ( detergentes, amaciadores, aditivos, água, electricidade e manutenção da máquina de lavar ). Poupança superior a 1.000 € nas 1.500 lavagens.

Ao utilizar a bola Öko-Ball está a contribuir para a preservação do Ambiente e a poupar bastante dinheiro. ( 2 em 1 ).

saiba mais em http://okobola.com/

Latas de Alumínio

O mercado para reciclagem

No ano de 2007, somente a etapa de coleta (a compra das latas usadas) injetou anualmente R$ 523 milhões na economia nacional, volume financeiro equivalente ao de empresas que estão entre as maiores do país.

O material é recolhido e armazenado por uma rede de aproximadamente 130 mil sucateiros, responsáveis por 50% do suprimento de sucata de alumínio à indústria. Outra parte é recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades filantrópicas.

Com liga metálica mais pura, essa sucata volta em forma de lâminas à produção de latas ou é repassada para fundição de autopeças.

Quanto é reciclado?

Aproximadamente 96,5% da produção nacional de latas foi reciclada em 2007. Mais uma vez os números brasileiros superam países industrializados como Japão e EUA. Os Estados Unidos recuperaram 51,6% de suas latinhas, a Argentina 88,2%, e o Japão 90,9%.

Índice de Reciclagem das Latas de Alumínio (%)

2003

2004

2005

2006

2007

Argentina

80

78

88,1

89,6

90,5

Brasil

89

95,7

96,2

94,4

96,5

Europa

48

48

52

57,7

N/D

EUA

50

51,2

52

51,6

53,8

Japão

81,8

86,1

91,7

90,9

92,7








Fonte: ABAL; ABRALATAS

Valor

A lata de alumínio é o material reciclável mais valioso. O preço pago por uma tonelada é, em média, de R$ 3.500 - o quilo equivale a 75 latinhas. Nos postos de troca dos estados do Ceará, Pernambuco, Mato Grosso, o consumidor recebe um bônus para ser descontado nos estabelecimentos credenciados com valor correspondente ao número de latas entregue para reciclagem.Recentemente, a troca foi estendida ao setor de energia, com redução proporcional na conta de luz.

Conhecendo o material

Um kilo de latas equivale a 75 latinhas
A lata de alumínio é usada basicamente como embalagem de bebidas. Cada brasileiro consome em média 54 latinhas por ano, volume bem inferior ao norte-americano, que é de 375. Além de reduzir o lixo que vai para os aterros a reciclagem desse material proporciona significativo ganho energético. Para reciclar uma tonelada de latas gasta-se 5% da energia necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio pelo processo primário. Isso significa que cada latinha reciclada economiza energia elétrica equivalente ao consumo de um aparelho de TV durante três horas. A reciclagem evita a extração da bauxita, o mineral beneficiado para a fabricação da alumina, que é transformada em liga de alumínio. Cada tonelada do metal exige cinco de minério.

Qual o peso desses resíduos no lixo?

No Brasil, a lata de alumínio corresponde a 1% na coleta seletiva municipal segundo a pesquisa Ciclosoft.

Sua história

As latas de alumínio surgiram no mercado norte-americano em 1963. Mas os programas de reciclagem começaram em 1968 nos Estados Unidos, fazendo retornar à produção meia tonelada de alumínio por ano. Quinze anos depois, esse mesmo volume era reciclado por dia. Os avanços tecnológicos ajudaram a desenvolver o mercado: há 25 anos, com um quilo de alumínio reciclado era possível fazer 42 latas de 350 ml. Hoje, a indústria consegue produzir 62 latas com a mesma quantidade de material, aumentando a produtividade em 47%. As campanhas de coleta se multiplicaram e, atualmente, 10 milhões de americanos participam ativamente dos programas de coleta.

No Brasil, há muito tempo as latas vazias são misturadas com outras sucatas de alumínio e fundidas para a produção, por exemplo, de panelas e outros utensílios domésticos. Em 1991, a Latasa lançou o primeiro programa brasileiro de reciclagem desse material. Em cinco anos, foram coletadas mais de 22 mil toneladas (460 toneladas mensais, em média) com a participação de 1,2 milhão de pessoas, contribuindo para o total reciclado de 2,5 bilhões de latas por ano. No programa são usadas máquinas conhecidas como papa-latas , que prensam o metal, reduzindo seu tamanho para compor fardos encaminhados para a reciclagem.

E as limitações ?

Contaminação
As latas misturadas com o restante do lixo podem estar contaminadas com matéria orgânica, excesso de umidade, plástico, vidro, areia e outros metais, dificultando sua recuperação para usos mais nobres. As tintas da estamparia da embalagem são destruídas nos fornos de fundição durante o reprocessamento do alumínio e por isso não atrapalham sua reciclagem.

Rígidas Especificações de Matéria-prima

A sucata não pode conter ferro. O teste do ímã é a melhor técnica para certificar a ausência desse material. Também é possível fazer a identificação e a seleção mais segura por meio de parâmetros como cores, peso e testes químicos. Às vezes, comerciantes desonestos colocam outros metais dentro da lata de alumínio para aumentar seu peso e, conseqüentemente, o preço. Não é necessário separar os materiais por tamanho ou retirar a tampa, como ocorre em outras embalagens.
É importante saber...
Redução na Fonte de Geração
As latas de alumínio são recipientes de pouco peso.Nos últimos 20 anos, a espessura dos recipientes de alumínio diminuiu cerca de 30%.

Compostagem

O material não é compostável. Por isso, deve ser retirado por processos manuais ou mecânicos do lixo encaminhado para compostagem.
Incineração
O alumínio se funde a 660° C. De acordo com a temperatura, sua queima pode gerar compostos orgânicos voláteis provenientes de tintas ou vernizes e material particulado, ou transformar o material em liga ou óxido de alumínio.
Aterro
As embalagens de alumínio se degradam parcialmente nos aterros devido a existência de uma camada de óxido em sua superfície.
O ciclo da reciclagem
Voltando às Origens

Depois de coletadas, as latas de alumínio vazias são amassadas por prensas especiais, algumas delas computadorizadas, que fornecem o ticket com o valor referente a quantidade entregue. O material é enfardado pelos sucateiros, cooperativas de catadores, supermercados e escolas e repassado para indústrias de fundição. Em seus fornos, as latinhas são derretidas e transformadas em lingotes de alumínio. Esses blocos são vendidos para os fabricantes de lâminas de alumínio que por sua vez comercializam as chapas para indústrias de lata. O material pode ser reciclado infinitas vezes sem perda de nenhuma de suas características.

Com a evolução desse processo já é possível que uma lata de bebida seja colocada na prateleira do supermercado, vendida, consumida, reciclada, transformada em nova lata, envasada, vendida e novamente exposta na prateleira em apenas 33 dias.


http://www.cempre.org.br